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Sindicato na luta contra investimento ruinoso

Prossegue o combate e a denuncia de clubes usados de forma indevida por investidores externos que depois deixam jogadores ao abandono.

Mantendo uma postura vigilante e interveniente no que a situações de imigração ilegal de jogadores e condições de trabalho precárias que os atletas encontram sobretudo no Campeonato de Portugal diz respeito, o Sindicato dos Jogadores voltou a entrar em campo no combate às irregularidades que se vão verificando.

De que se trata?

O futebol português tem vindo, sistematicamente, a ser a porta de entrada para a Europa, sobretudo de jogadores sul-americanos e africanos. Os clubes de patamares competitivos inferiores, como o Campeonato de Portugal, são utilizados por empresários como verdadeiras “barrigas de aluguer”: à frente de clubes que atravessam grandes fragilidades económicas, os dirigentes compactuam com investidores e abrem as portas a jogadores estrangeiros, muitas vezes com situações por regularizar. A imigração ilegal é, assim, um flagelo que o Sindicato se propõe combater.

De uma forma geral, o procedimento nestes casos obedece a um padrão. A saber:

– Convites de clubes nacionais e propostas apresentadas a intermediários nos países de destino;

– Contratação de jogadores muito jovens (entre os 18 e os 23 anos), com o intuito de os valorizar e transferir;

– Promessas de alimentação e alojamento garantidos pelo clube;

– Vencimentos pagos com o apoio de investidores, que muitas das vezes falham esses compromissos;

– Muitos jogadores não entram no país com o visto de estada adequado, a maior parte entra com o visto de turismo, ou a partir de outro país europeu. A tentativa de legalização é feita ao abrigo do artigo 88.º n.º 2 da Lei de Estrangeiros, norma que permite a um cidadão estrangeiro em situação irregular obter autorização de estada em Portugal, por ter uma relação laboral estável e condições de subsistência;

– O jogador costuma ser agenciado pelo intermediário que o traz para Portugal ou que tenha ligações ao investidor envolvido na operação;

– Muitas das vezes, em situações mais graves e potencialmente enquadráveis no crime de auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos, é o próprio jogador que tem de pagar para ter uma oportunidade num clube em Portugal, não sendo raras as ocasiões em que é depois deixado ao abandono ou fica “refém” das más condições que encontra;

O caso concreto da AD Oliveirense SAD

Um dos casos que mais recentemente e mais vezes tem estado em foco no que à importação massiva de jogadores estrangeiros e consequentes incumprimentos contratuais diz respeito é o da AD Oliveirense SAD. A situação é complexa e carece de uma contextualização:

– A fragilidade financeira da AD Oliveirense SAD e do clube, que detém parte do capital da SAD, é prévia à entrada do investidor Sebastian Diericx. Nos anos anteriores, a AD Oliveirense SAD mudou de mãos várias vezes, tendo tido investidores turcos e argentinos;

– O projeto desportivo traçado por Sebastian Diericx para 2019/2020 denotava estar desfasado da realidade, na medida em que era por demais evidente a desproporcionalidade entre a capacidade organizativa do clube, por diversas vezes confrontado com dívidas e incumprimento, e os compromissos assumidos;

– Procedeu-se, no início da época, ao recrutamento massivo de estrangeiros, com um elevado número de contratos profissionais promovidos pela administração do argentino Sebastian Diericx, situação recorrente em vários clubes no Campeonato de Portugal, para a qual o Sindicato tem vindo sucessivamente a alertar;

– Depois de não receberem desde o início da época os jogadores avançaram em outubro com um pré-aviso de greve. O Sindicato interveio de imediato e acionou o Fundo de Garantia Salarial;

– Verificou-se, ainda, o empréstimo “informal” de 12 jogadores argentinos pela AD Oliveirense SAD ao GD Mirandês, ao qual os atletas se encontram formalmente vinculados. Apesar de terem alimentação e alojamento garantidos pelo clube, não recebem o salário contratualizado há oito meses;

– Foi decretada no final de janeiro a insolvência da AD Oliveirense SAD, e em final de fevereiro o encerramento coercivo da atividade, com a consequente perda de todos os postos de trabalho e a consequente reação do Sindicato;

– Quando foi confirmada insolvente e encerrada por decisão do Administrador Judicial, no final de fevereiro de 2020, o Tribunal encontrou indícios de várias irregularidades na gestão da AD Oliveirense SAD. Os jogadores estrangeiros foram abandonados à sua sorte: sete jogadores, cinco dos quais argentinos vivem em duas casas, em Santo Tirso, sem condições de habitabilidade. Não têm dinheiro sequer para comprar comida. Outro jogador colombiano, ficou com a mulher e filha bebé numa outra casa, igualmente em grandes dificuldades.

– O Sindicato dos Jogadores assegurou, de imediato, alimentação e um apoio financeiro para estes jogadores, estando já em contacto com as embaixadas e com o SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – para assegurar a sustentabilidade destas pessoas e o regresso, assim que possível, ao país de origem, em condições de segurança. Além disso, estão a ser analisadas as soluções jurídicas, para avançar judicial e criminalmente contra os responsáveis pelo recrutamento destes jogadores e consequente abandono em Portugal.

Tomadas de posição públicas

Em declarações à Imprensa nacional, nomeadamente à Tribuna Expresso, numa entrevista que pode ler na íntegra aqui, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, voltou a tomar partido dos jogadores e a denunciar situações anómalas e de total falta de compromisso com o previamente acordado no momento da vinculação, como sucede com 12 argentinos recrutados por Sebastian Diericx, que viram a sua situação desrespeitada na AD Oliveirense SAD, primeiro, e no subsequente “empréstimo informal” ao GD Mirandês.

“A SAD da AD Oliveirense recrutou um plantel composto na esmagadora maioria dos casos por jogadores profissionais, com contrato profissional registado na FPF e de diferentes nacionalidades. Os estrangeiros são predominantemente argentinos, a nacionalidade do administrador, Sebástian Diericx”, começou por referir, prosseguindo na exposição: “Desde o mês de outubro de 2019 que tentámos estabelecer essa ponte

, dar um sinal de confiança e apoiar num momento em que ele alegava estar com dificuldades para transferir dinheiro para a SAD, de modo a cumprir obrigações, por viver em Chicago, nos EUA. O voto de confiança foi dado, o Fundo de Garantia Salarial desbloqueou uma situação de greve iminente. Agora, não existem mais desculpas para não pagar aos jogadores.”

O Sindicato continua a prestar apoio aos jogadores abandonados, como o próprio presidente da organização, Joaquim Evangelista, esclareceu ao Expresso. “Em apoios, somando o Fundo de Garantia Salarial acionado em outubro para pôr cobro à greve anunciada antes do jogo para a Taça de Portugal frente ao Santa Clara, mais o apoio que demos agora para a subsistência dos estrangeiros, já ultrapassámos os € 20.000. Não deixaremos nenhum jogador desamparado, mas este esforço financeiro diz bem da gravidade da situação em que este clube se colocou”, apontou.

“Cada estrangeiro representa o pagamento de uma taxa de inscrição de € 2.025, não sendo para as associações distritais, claramente, uma prioridade acabar com isto, porque beneficiam do negócio. Enquanto não estivermos todos unidos para combater estes fenómenos, haverá sempre casos de jogadores abandonados e vítimas de abusos laborais”, observou Joaquim Evangelista, que prosseguiu: “Usar clubes portugueses como ‘barrigas de aluguer’, dar minutos a jogadores numa competição de âmbito nacional, num país europeu, criar visibilidade e vender o seu ‘produto’. Basta que consigam uma transferência bem-sucedida, para um clube de maior dimensão, e já compensaram o investimento feito em dezenas de jogadores. Isto é uma bola de neve. Chegam a propor a dirigentes de clubes pagar os salários aos jogadores para que eles possam ter minutos nas nossas competições. Tudo isto é grave, um risco enorme para a segurança e integridade das nossas competições. Neste momento, o Campeonato de Portugal é tudo menos amador”, completou.

Já no passado dia 28 de fevereiro, em declarações prestadas ao Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores tinha tornado inequívoca a sua posição. “São atos de gestão danosa, muitos enquadrados criminalmente”, apontou, concretizando: “Esta gente tem de ser desmascarada e erradicada.”

Futebol: SEF constitui três arguidos e identifica 10 jogadores em situação irregular

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) constitui três arguidos e identificou 10 atletas em situação irregular no país, no âmbito de uma operação, que decorreu na última semana, direcionada para a verificação das condições de entrada e permanência de futebolistas estrangeiros a exercer a atividade em clubes dos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Guarda, Viseu e Castelo Branco.

Foram fiscalizados 26 clubes de futebol e identificados 502 atletas, dos quais 194 eram estrangeiros. Destes, foram detetados 10 em situação documental irregular, ou seja, não habilitados à prática de qualquer atividade em Portugal, tendo nove sido notificados para abandono voluntário do país, no prazo de 20 dias, sob pena de, em caso de incumprimento, virem a ser detidos e objeto de processos de afastamento coercivo. Um outro cidadão foi notificado para comparência no SEF, uma vez que dispunha de condições para requerer a respetiva regularização documental.

No decorrer da operação, foram efetuadas buscas domiciliárias na residência de um agente desportivo, o qual foi constituído arguido por auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos, tendo ainda sido constituído arguido um atleta, por falsificação de documentos, e um clube, por auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos.

Esta operação tinha como objetivos a prevenção e a sinalização de situações enquadráveis em comportamentos criminalizados, designadamente tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal, mas também o propósito de apurar qual o grau de cumprimento das determinações legais e regulamentares, do ponto de vista desportivo em vigor, algumas recentemente implementadas pela Federação Portuguesa de Futebol.

Ficou confirmado pelo SEF, o resultado positivo do trabalho desenvolvido por um grupo de trabalho onde está representado o SEF, a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga e o Sindicato de Jogadores, que, em conjunto, têm vindo a alterar a imagem negativa associada à situação de ilegalidade e exploração de atletas estrangeiros em Portugal.
Na última ação do mesmo género, realizada pelo SEF, no final de 2018, num universo menor de clubes e atletas estrangeiros identificados, cerca de 18% estavam em situação ilegal, sendo que agora essa percentagem ficou-se pelos 5%.

SEF – 12/11/19

Presidente do Schalke ​​​​​​​tem cargo em risco devido a polémica racista

O dirigente fez afirmações que chocaram a sociedade germânica. Figuras do desporto e da política manifestaram-se.

“Em vez de aumentarmos impostos, deveríamos financiar 20 centrais elétricas em África todos os anos. Então, os africanos deixariam de cortar árvores e de fazer filhos quando escurece”. A frase foi dita por Clemens Toennies, 63 anos, na passada quinta-feira, numa conferência em Paderborn, escandalizando diversos setores da sociedade alemã.

Foram palavras que geraram múltiplos pedidos de demissão do cargo de presidente do Shalke 04, de adeptos do clube de Gelsenkirchen a figuras políticas e do desporto germânico.

O presidente da Liga alemã (DFB), Reinhard Rauball, disse que tais declarações são “completamente incompatíveis com os valores do futebol” defendidos pela liga e federação alemãs. E o presidente da comissão de desporto do Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, Dagmar Freitag, sublinhou que “o facto de algo assim ser dito por alguém que ocupa um cargo de primeiro plano no desporto só agrava as coisas”.

A ministra da Justiça, Christine Lambrecht, também se pronunciou sobre o caso, solicitando à Federação que “se ocupe” de Toennis. “O racismo deve ser sempre combatido de forma inequívoca e veemente”, afirmou a governante, citada pelo grupo de media “Funke”.

Ontem, Toennis apresentou um pedido de desculpas com um comunicado publicado no site do Schalke. Admitiu ter dito coisas “inapropriadas” e garantiu que defende os valores do clube, opostos a qualquer forma de “racismo, discriminação ou exclusão”.

OJogo

Manchester United “enojado com as ofensas racistas proferidas contra Pogba”

O Manchester United mostrou-se hoje “enojado” com as demonstrações de ódio racial dirigidas por alguns dos seus adeptos ao futebolista Paul Pogba, que na segunda-feira falhou uma grande penalidade no embate com o Wolverhampton (1-1).

“Todo o nosso clube está enojado com as ofensas racistas proferidas contra Paul Pogba no estádio e nas redes sociais. Condenamos categoricamente esse tipo de atitudes”, afirmaram os ‘red devils’ em comunicado.

Em jogo da segunda jornada da Premier League, no terreno do Wolves, aos 68 minutos, Pogba falhou uma grande penalidade, permitindo a defesa do guarda-redes português Rui Patrício, numa altura em que resultado já estava 1-1.

O médio francês apareceu com alguma surpresa na marcação do penálti, já que normalmente é Marcus Rashford que tem essa função.

“O Manchester United tem tolerância zero para com qualquer forma de racismo ou discriminação e um compromisso de longo prazo em lutar contra isso. Iremos trabalhar para identificar os poucos envolvidos nestes incidentes e tomar as mais duras medidas ao nosso alcance. Também encorajamos as empresas de redes sociais a tomar medidas”, referiu.

A relação do médio francês com os adeptos do Manchester United tem sido quase sempre tensa, e a imprensa desportiva tem avançado que Pogba poderá abandonar Old Trafford e assinar pelo Real Madrid.

Bancada

Discriminação racista está a agravar-se no futebol inglês

Queixas por discriminação continuam a agravar-se no futebol inglês, avança um novo relatório da “Kick it Out” uma organização criada para promover a igualdade e a inclusão dentro das quatro linhas dos campos britânicos.

Pelo sexto ano, as queixas aumentaram. Em relação à época anterior, em 2017/18 houve mais 11 por cento de queixas por discriminação nos diversos campeonatos, incluindo nos esaclões de formação, o que torna o problema ainda mais preocupante.

Pelo menos 53 por cento das registadas em 2017/18 estão relacionadas com racismo, um aumento de 22 por cento em relação à temporada anterior, sublinha a “Kick it Out”, revelando ter tido acesso a 520 queixas da época passada contra 469 em 2016/17.

O treinador do Brady Maccabi FC, um clube judeu inglês, reforça que “o problema tem vindo a agravar-se.”

“É triste. Julgo estar relacionado com o que as pessoas leem nos jornais e que é visto como normal. Depois, de repente, as pessoas deixam-se levar e começam também a contribuir para o problema. Na última época, tivemos um caso muito grave de antissemitismo. Esta época, já tivemos três ou quatro casos que tive de denunciar à federação”, revela Joel Nathan.

Joel Freedman, um dos jovens futeblistas do Brady Maccabi FC, já foi vítima de antissemitismo.

“Depois de um jogo, um dos jogadores adversários descobriu nas redes sociais os perfis de alguns dos nossos jogadores e conseguiu entrar num grupo. A equipa dele enviou-nos comentários antissemitas, dizendo por exemplo que Hitler tinha razão, que as câmaras de gás tinham sido uma coisa boa e que todos nós devíamos ter sido mortos”, recorda o jovem futebolista.

O estudo agora publicado pela “Kick it Out” veio relançar o alarme no futebol inglês, onde o Chelsea é já um dos clubes a tentar impedir o antissemtismo de florescer em Stamford Bridge.

Depois de alguns jogos em que os próprios adeptos dos “blues” atacaram adeptos e equipas rivais como o Tottenham ou o Leicester com cânticos antissemitas, o clube decidiu iniciar um novo programa de reabilitação dos adeptos e em junho pagou a primeira excursão de apoiantes com antecedentes antissemitas às ruínas do campo de concentração de auschwitz, na Polónia.

O clube, cujo dono, o russo Roman Abramovich, é judeu, tentou confrontar os adeptos com a terrível história do Holocausto e com os pesadelos que os cânticos antissemitas provocam nos adeptos rivais a quem dirigem os cânticos racistas.

A proposta é para continuar e é simples: ou aceitam a excursão ao monumento de memória de um dos períodos mais terríveis da história da Humanidade ou são banidos do estádio. O Chelsea recebeu diversas manifestações de apoio, incluindo da Federação inglesa de Adeptos de Futebol, a programa de reabilitação.

Euronews

Racismo no futebol: Koulibaly é só a última vítima nesta triste lista de ofensas

Koulibaly é apenas uma das vítimas de discriminação racial na Itália, país onde o racismo e a xenofobia se manifestam com maior frequência. Balotelli, Boateng e Eto’o foram outros jogadores alvos de preconceito no futebol. A falta de castigos reforça o discurso de ódio, e histórias como a de Muntari, a vítima punida, chamam a atenção.

O caso de racismo envolvendo o jogador senegalês Kalidou Koulibaly é mais uma mancha no futebol italiano. O defesa do Nápoles ouviu cânticos de macaco na derrota para o Inter de Milão, na última quarta-feira e, irritado com as ofensas, levou o segundo cartão amarelo, o que provocou a sua expulsão da partida. Se para muitos, o futebol é sinónimo de democracia, igualdade e inclusão social, histórias de preconceito se repetem desde o seu surgimento.

Em Itália, faltam atitudes no intuito de erradicar o preconceito. Pelo contrário, muitas vezes, as punições são contra as próprias vítimas. Quando Totti estreou uma campanha de consciencialização há alguns anos, os adeptos da Roma revoltaram-se contra a sua atitude; Balotelli, uma das principais estrelas da seleção italiana, viu-se envolvido em mais de 60 episódios de discriminação tanto em Itália como fora dela. Um dos golpes mais duros veio logo depois de uma das convocações para a selecção, quando ouviu gritos da torcida: “Não existem italianos negros”.

Recordemos, então, alguns dos tristes episódios no calcio.

Muntari

Um caso inusitado aconteceu na Serie A no ano passado. No jogo entre o Cagliari e o Pescara, em Cagliari, o médio ganês Sulley Muntari foi insultado pela claque da casa, mas, quando foi reclamar do racismo, acabou punido pelo árbitro Daniele Minelli. Muntari levou cartão amarelo, deixou o campo ainda mais irritado, e levou outro cartão, o que resultou na sua expulsão. O médio acumula no currículo três participações em Mundiais e passagens por clubes como Milan e Inter.

Após a polémica, o Comitê Disciplinar do campeonato considerou a atitude dos adeptos “deplorável”; no entanto, avaliou o comportamento do jogador como “inaceitável”. No final de contas, Muntari ainda foi suspenso por um jogo, enquanto a equipa da Sardenha não sofreu qualquer punição. Na altura, a federação italiana optou por não penalizar o Cagliari por considerar “a discriminação racial entoada por um número aproximado de 10 torcedores, portanto, menos de 1% do número de ocupantes do setor do estádio”.

Rüdiger

Episódios como este repetem-se no futebol italiano. Koulibaly, do Napoli, assim como o defesa Rüdiger, da Roma, também sofreram ofensas racistas de adeptos de Inter e Lazio. As equipas não foram punidas em ambos os casos. O Comité Disciplinar apenas deu uma advertência aos clubes, avisando-os de que eles poderiam ter parte do estádio interditado se o mau comportamento de suas claques persistir. A falta de punição e pulso firme em incidentes do género reforçam as críticas às autoridades italianas.

Matuidi

O francês Blaise Matuidi, filho de pai angolano e mãe congolesa, engrossou o coro. O médio da Juventus também revelou ter sido alvo de preconceito na Série A este ano: “Pessoas fracas tentam intimidar com o ódio. Eu não odeio e só posso lamentar aqueles que promovem maus exemplos”, afirmou o jogador depois de uma partida contra o Cagliari. Para Matuidi, o futebol é o espaço para se espalhar a igualdade, a inspiração e paixão.

Kevin Prince- Boateng

Kevin Prince-Boateng foi um dos que viveu uma situação lamentável em território italiano. O alemão de origem ganesa ouviu cânticos racistas quando defendia o Milan no duelo contra o Pro Patria, equipa da terceira divisão italiana. Os adeptos do rival não deram trégua. Boateng chutou a bola em direção à claque do Patria, tirou a camisola, seguiu para os vestiários e retirou-se da disputa, em janeiro de 2013.

Os outros jogadores do Milan também se recusaram a continuar na partida e juntaram-se ao alemão. A partida foi paralisada, e o jogador manifestou-se nas redes sociais: “É uma vergonha que essas coisas ainda aconteçam. O racismo tem que acabar, para sempre”, disse Boateng no Twitter.

Eto’o

O avançado camaronês já foi alvo de preconceito em diferentes equipas pelas quais jogou ao longo da carreira profissional. Quando atuou pelo Barcelona, entre 2004 e 2009, Eto’o viu as claques do Racing Santander, Getafe e Zaragoza ecoarem cantos racistas pelos estádios no Campeonato Espanhol. Inconformado, o jogador exigiu uma dura punição, contudo, os clubes envolvidos foram penalizados apenas com multas inferiores a € 9 mil.

E mesmo na altura em que defendeu o Anzhi, da Rússia, de 2011 a 2013, ele foi vítima de preconceito dentro de casa. Os adeptos da sua equipa imitaram o som de macaco quando ele tocava na bola, mas não houve qualquer punição à equipa.

Balotelli

Outro caso a reacender o debate da discriminação racial no futebol envolveu o italiano Mario Balotelli. Num amistoso da Itália contra a Croácia, em Poznan, na Polônia, o avançado de origem ganesa foi alvo de ataques por parte dos croatas. Bananas foram atiradas ao campo, e estima-se que ce 300 a 500 adeptos tenham participado do ato contra Balotelli.

Roberto Carlos

O brasileiro também passou por maus lençóis na época em que atuou pelo Anzhi. Numa partida contra o Zenit, Roberto Carlos viu os adeptos do clube rival atirarem bananas na direção onde estava no campo de futebol. O Zenit teve de pagar uma multa de US$ 10 mil pelo episódio.

Meses depois, num jogo contra o Krylya Sovetov, no qual o Anzhi vencia por 3 a 0, adeptos voltaram a atirar bananas no relvado e provocaram a ira do brasileiro, que saiu de cena antes do previsto. Na ocasião, ele pediu punição aos culpados e mostrou o quanto estava insatisfeito com o comportamento da claque.

Tribuna Expresso

Em Espanha, a violência no futebol é entre os pais e nas bancadas. E está a aumentar

Portugal parou com a última agressão a um árbitro. E tenta a todo o custo acabar com o fenómeno. Aqui ao lado, o problema é outro, sobretudo nos jogos de formação, mas com gravidade semelhante.

Os incidentes no Rio Tinto-Canelas do passado domingo, onde o jogador Marco Gonçalves agrediu com uma joelhada na cara o árbitro Marco Gonçalves logo aos dois minutos de jogo, tornaram-se um fenómeno além-fronteiras um pouco por todo o Mundo. Logo aqui ao lado, em Espanha, a agressão foi altamente falada na perspetiva da “equipa mais agressiva da Europa” (Marca) e da “equipa mais violenta do Mundo” (As). Todavia, também por lá se vive um fenómeno paralelo de violência mas com contornos distintos: as agressões entre pais nas bancadas em jogos de miúdos que levaram à interrupção de três partidas e ao agravamento das punições.

O último caso passou-se no Andorra FC-AE Prat, jogo do escalão menor de juvenis que, depois de algumas agressões entre atletas em campo, terminou com uma violenta cena de pancadaria entre jogadores e alguns pais que estavam nas bancadas. Por não ter sido o primeiro caso, a Federação de Futebol da Catalunha reuniu de emergência.

Andreu Subies, presidente do órgão, revelou que vai mudar o regulamento para a próxima temporada e, entre várias medidas, promete punir até os insultos nas redes sociais. “Já existem leis e regras para tudo o que se passa dentro de campo, mas temos de ir mais além”, explicou. A medida afetará apenas os 150.000 inscritos na Catalunha, tendo punições que vão desde castigos em jogos ao afastamento dos relvados, servindo de alerta também para os pais.

Refira-se que, só este ano, existiram mais dois casos muito falados em Espanha de violência nas bancadas, nos encontros Alaró-Collerense e Teide-Guía, ambos de escalões de formação distritais e ambos marcados pelas brutais agressões entre os pais dos jogadores, no caso perante o olhar atónito dos jovens.

Observador

Mais violência nos escalões de formação do futebol

Autoridades falam de aumento de 20% de queixas.

São jogos entre jovens mas com violência muito adulta. Terminada a primeira metade da época desportiva, as queixas de violência nos jogos dos escalões de formação de equipas de futebol têm aumentado.

Segundo avança o Jornal de Notícias, as autoridades falam de um aumento de 20% das queixas e que os casos mais registados passam por invasões de campo e incidentes entre os adeptos.

“Já vi muitos pais, na bancada, a dizer: “Vai atrás dele. Cospe-lhe! Parte-lhe uma perna!” E eu pergunto-me: como é que os filhos podem ter uma atitude correta?”, refere Maria Eduarda, jovem árbitra da Associação de Futebol de Braga, em entrevista à publicação.

Sapo

Gaia suspende apoios a clubes por violência nos escalões de formação

“A câmara não pode, de modo algum, tolerar estes distúrbios, ocorridos sobretudo nos equipamentos desportivos municipais, maioritariamente cedidos de forma gratuita aos clubes. A partir de agora a câmara tem tolerância zero para qualquer ato de violência”, declarou o autarca gaiense.

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia suspendeu os apoios a dois clubes na sequência de episódios de violência em jogos da formação e vai criar um regulamento municipal de combate a estas situações, anunciou a autarquia, esta quarta-feira.

Num comunicado com o título “Câmara de Gaia declara tolerância zero à violência na formação desportiva”, a autarquia liderada por Eduardo Vítor Rodrigues avança que solicitou uma reunião à Associação de Futebol do Porto para “abordar esta problemática e procurarem, em conjunto, encontrar soluções”.

Esta nota surge depois de no sábado, num jogo entre o Águias Sport Clube e o Clube de Futebol de São Félix da Marinha, a contar para o Campeonato Distrital de Juniores B, 2.ª Divisão, que decorreu no estádio municipal da Lavandeira, se terem registado situações de violência.

A Câmara de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, descreve que “no final da partida, diversos jogadores, técnicos e dirigentes de ambos os clubes, bem como elementos não identificados que se encontravam no recinto de jogo sem a devida autorização, envolveram-se em graves distúrbios, com múltiplas agressões físicas que levaram à intervenção das forças policiais e a algumas situações de tratamento hospitalar”.

Este caso aconteceu no dia em que a autarquia de Gaia tinha reunido com todos os clubes, uma reunião anunciada no dia 4 de fevereiro, altura em que o vereador do Desporto, José Guilherme Aguiar, descreveu outros casos de violência decorridos no fim de semana anterior, desta feita no Avintes-Grijó (em sub-23) que terminou com a vitória do Grijó por 4-0 e no Vila-Canelas (seniores) que o emblema visitante venceu por 3-0.

“É inaceitável que, semana após semana, aconteçam distúrbios em jogos de crianças e jovens. Os recintos desportivos públicos não são ringues de boxe”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, citado na nota camarária de hoje.

O autarca apontou que “estes incidentes não são o resultado de claques organizadas, mas de pais e agentes desportivos que estão a extremar a sua ação, manchando o nome dos clubes, do concelho e o futuro dos atletas”.

“A câmara não pode, de modo algum, tolerar estes distúrbios, ocorridos sobretudo nos equipamentos desportivos municipais, maioritariamente cedidos de forma gratuita aos clubes. A partir de agora a câmara tem tolerância zero para qualquer ato de violência e levará até às últimas consequências todas as ações que levem ao fim desta situação”, terminou o presidente.

Assim, na sequência do caso relatado que aconteceu sábado, a autarquia informou hoje que decidiu suspender os apoios e a utilização gratuita por este escalão da formação dos dois clubes envolvidos.

A par desta medida, foi instaurado um inquérito para avaliar os relatórios das autoridades policiais e da Associação de Futebol do Porto.

No próximo fim de semana também serão levadas a cabo ações pedagógicas nos equipamentos desportivos do Município e serão distribuídos ‘flyers’ com dicas para os desportistas e para os pais sobre como agir perante incidentes de violência.

“Educar para o desporto” é o lema do folheto que será distribuído com apelos ao respeito e o fair play.

No documento leem-se apelos aos pais como “respeitar árbitros, treinadores e adversários”, “controlar as emoções”, “seguir o código de conduta”, bem como “ajudar crianças e jovens a terem prazer na prática desportiva”.

A Câmara de Gaia informou, ainda, que vai criar uma equipa para elaborar o regulamento municipal de combate à violência na formação desportiva.

OJogo

Agressão a árbitro vale pena suspensa a jogador do Canelas

Marco Gonçalves terá de pagar uma indemnização de 12.700 euros à vítima, não frequentar recintos desportivo durante 11 meses e submeter-se a acompanhamento por técnicos de reinserção social.

O Tribunal de Gondomar condenou nesta sexta-feira a 11 meses de prisão, com pena suspensa por dois anos sob condições, o ex-futebolista do Canelas 2010 Marco Gonçalves, por agredir o árbitro que o expulsou durante um jogo em Rio Tinto.

A juíza do processo, Alexandra Lopes, deu como provada a acusação de que o jogador agarrou o árbitro pelo pescoço, puxou-lhe a cabeça e deu-lhe uma joelhada, atingindo-o na cara, especialmente no nariz.

Ao contrário, a magistrada judicial considerou não ter reunido prova de outra imputação do Ministério Público, segundo a qual o arguido teria proferido expressões atentatórias da integridade física do árbitro José Rodrigues, quando a vítima estava a ser socorrida nos acessos aos balneários.

Face a depoimentos contraditórios, a magistrada optou, neste caso, pelo princípio “in dubio pro reo” (na dúvida favoreça-se o arguido).

O ex-jogador foi assim condenado pela prática de um crime de ofensa à integridade física qualificada e absolvido de outro de ameaça agravada.

A juíza fixou ainda uma indemnização a pagar pelo ex-jogador ao árbitro, no valor global de 12.700 euros.

Para manter a suspensão da pena, Marco Gonçalves terá de pagar parte da indemnização (3.600 euros) em dois anos, não frequentar recintos desportivo durante 11 meses e submeter-se a acompanhamento por técnicos de reinserção social.

O árbitro tinha pedido 32 mil euros, 25 mil pelos danos morais que sofreu e sete mil pelo que deixou de ganhar durante a paragem forçada na sequência da agressão.

O arguido “agiu com a intenção deliberada e consciente” de agredir o árbitro, considerou a juíza, ao ler a sentença, relevando também a circunstância agravante de Marco Gonçalves ter antecedentes criminais, incluindo por ameaças e injúria agravadas, mas sublinhou igualmente atenuantes como a confissão dos factos e os pedidos de desculpa à vítima.

“Confessou sem qualquer reserva a agressão e mostrou-se arrependido”, afirmou.

A decisão da juíza Alexandra Lopes vai ao encontro do pretendido pelo Ministério Público que, nas alegações finais do processo, em 7 de Novembro, pediu a condenação a prisão efectiva de Marco Gonçalves pela agressão, mas admitiu ter dúvidas quanto às alegadas expressões intimidatórias.

Falando aos jornalistas após a leitura da sentença, o advogado de Marco Gonçalves, Nelson Sousa, disse que ainda vai ponderar um eventual recurso para o Tribunal da Relação do Porto.

Os factos remontam a 2 de Abril de 2017, no decorrer de um jogo de futebol entre o Rio Tinto e o Canelas 2010, a contar para a fase de subida do Campeonato Distrital do Porto. Segundo a acusação, Marco Gonçalves, depois de agarrar o juiz pelo pescoço e de fazer a “gravata”, “puxou-lhe a cabeça e desferiu-lhe uma pancada com o joelho, atingindo-o na cara, especialmente no nariz”.

Ainda de acordo com a acusação, quando o árbitro era socorrido pelo massagista da equipa do Rio Tinto, o arguido dirigiu-se a ele novamente, proferindo expressões intimidatórias da sua integridade física e susceptíveis de coartar a liberdade pessoal do ofendido.

Em fase de produção prova, este último detalhe da acusação suscitou depoimentos contraditórios, ao contrário da agressão, que foi reconhecida por todos, incluindo o arguido.

Na primeira audiência de julgamento, em 12 de Outubro, o futebolista disse mesmo que “nada explica uma agressão” como a que protagonizou e manifestou-se “arrependido”.

Na altura dos factos, o jogador do Canelas foi suspenso por quatro anos e cinco meses pela Comissão de Disciplina da Associação de Futebol do Porto (AF Porto).

Além da suspensão, o atleta teve de pagar uma indemnização ao árbitro de 4125 euros e outra à Associação de Futebol do Porto no correspondente a 20% daquele montante.

Por seu lado, o Canelas 2010 foi sancionado com a pena de derrota no jogo com o Rio Tinto, ao qual teve de pagar uma indemnização de 1605 euros, a que acresceu um pagamento à AF Porto de 20% desse montante.

O clube de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, foi ainda multado em mais 400 euros.

Depois do sucedido, que chegou a ser noticiado por agências internacionais, os dirigentes do Canelas 2010 garantiram que o jogador não voltaria a representar as cores do clube.

Lusa