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Joaquim Evangelista: «Assisti no Vilafranquense a situações dramáticas com os jogadores»

Presidente do Sindicato mostrou-se solidário com plantel ribatejano.

Joaquim Evangelista reuniu-se ontem com o plantel do Vilafranquense para averiguar os estragos que três meses de salários em atraso conferiram à segunda classificada da Série C do Campeonato de Portugal. “O plantel vai ativar o fundo de garantia salarial e vamos dar 10 dias à administração para regularizar a situação. Ao fim desse tempo e sem cumprimento, iremos tomar uma posição definitiva de força de não jogar mais”, informou o presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, explicando também Stehb, Daniel Almeida e Jacinto que avançaram para a rescisão não serão opção no dérbi deste domingo frente ao Alverca.

Sem o presidente da SAD, Luiz Andrade, estar presente, Evangelista condenou o comportamento de “dirigentes que não têm lugar no futebol português”. “Assisti aqui a situações dramáticas de sobrevivência. Num clube com este envolvimento, que está a lutar pela subida, que tem uma sociedade anónima desportiva por trás e com uma estrutura acionista com pessoas que vêm de um clube profissional, é assustador ver que estas pessoas se permitem a aceitar isto e nada fazer”, reiterou, adiantando que recebeu uma chamada de Luís Duque, membro da direção da SAD vilafranquense, a pedir mais tempo para pagar os ordenados em atraso. “Eles têm de cumprir ou deixar que venham outros que cumpram”, acrescentou o presidente do Sindicato que tentará chegar à fala com Luiz Andrade e que vai “alertar a Federação Portuguesa de Futebol para esta circunstância”. 

A luta por objetivos cimeiros no Campeonato de Portugal também mereceu um comentário por comparação a outros emblemas. “Para além de tudo isto, há o direito da igualdade e da verdade desportiva. Mesmo para os outros clubes é mau que um clube como este lute pela subida à 2ª Liga. Há outros que estão a cumprir religiosamente [os compromissos] e não estão nestas condições. Os jogadores são uns heróis”, vincou Evangelista.

O presidente do SJPF fez, por último, um apelo à comunidade na região: “Faço um apelo também a Vila Franca de Xira, terra de forcados. Peço para que não sejam indiferentes, que as pessoas se envolvam no projeto, que exijam responsabilidades e não aceitem que enxovalhem o nome do clube. Que haja uma reação por parte da comunidade para não colocarem em causa a imagem da própria dignidade do clube!”.

Record

Salários em atraso em Fátima e jogadores estão no “limite”

Capitão de equipa assume que participação no Campeonato de Portugal pode estar comprometida.

A participação do CD Fátima no Campeonato de Portugal não está assegurada dado que os jogadores têm vários meses de salários em atraso. Miguel Neves, capitão de equipa, diz que os jogadores “chegaram ao limite”.

Citado pelo jornal ‘Record’, o capitão do Fátima salienta que nem aparece dinheiro nem uma justificação por parte da administração.

“Não há qualquer contacto com o dono da SAD [Abdulmouti Kaaki]. O pouco que sabemos vai-nos sendo dito pelo diretor-geral [Afonso Guerreiro], que não tem forma de resolver o problema”, lamenta Miguel Neves, avisando que o futuro do emblema pode estar comprometido.

“Já devíamos estar a treinar e sentimos que a participação do Fátima no próximo campeonato pode estar em causa.”

O Fátima está indicado para participar na série C do Campeonato de Portugal mas, nesta altura, o futuro está indefinido.

Bancada

Seleção de futebol feminino processa Federação de Futebol dos Estados Unidos por discriminação de género

A três meses do Mundial, as jogadoras da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos processaram a federação norte-americana por aquilo a que chamam “discriminação de género institucionalizada”.

28 jogadoras da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos processaram esta sexta-feira a United States Soccer Federation, a Federação de Futebol dos Estados Unidos, devido a queixas de discriminação de género. A tomada de posição das atletas surge como o culminar de uma luta sobre igualdade salarial e condições laborais travada entre as duas partes há vários anos e aparece apenas meses antes de Carli Lloyd, Megan Rapinoe, Alex Morgan e companhia começarem defender o título mundial conquistado em 2015, já que o Campeonato do Mundo de futebol feminino arranca no mês de junho.

No processo, as 28 jogadoras acusam a federação — o organismo que regula todo o futebol, masculino e feminino, nos Estados Unidos — de anos daquilo a que chamam “discriminação de género institucionalizada”. As queixas da seleção, de acordo com o New York Times, não dizem respeito somente aos salários mas também ao facto de a federação norte-americana controlar onde as jogadoras jogam e com que frequência, a forma como treinam, os tratamentos médicos que recebem e até a maneira como viajam até aos locais dos jogos.

Os pontos referidos no processo agora tornado público incluem alguns dos problemas descritos por cinco jogadoras titulares da seleção — Alex Morgan, Hope Solo, Carli Lloyd, Megan Rapinoe e Becky Sauerbrunn — numa queixa feita à Comissão de Igualdade de Oportunidade Laboral dos Estados Unidos em 2016. A ausência de uma resolução, de qualquer ação governamental ou atitude por parte da federação após essa primeira medida terá levado um conjunto ainda maior de atletas a apresentar então o processo conhecido esta sexta-feira.

A ação judicial representa todas as jogadores que tenham representado a seleção dos Estados Unidos desde fevereiro de 2015 — numa janela que pode incluir outras dezenas de jogadoras — e exige o pagamento de retroativos e danos, numa quantia que pode chegar aos milhões de dólares. O processo é então o último capítulo de uma luta que dura há vários anos (primeiro de forma interna e privada, depois de forma pública) e que tem como pontos fulcrais a compensação salarial, o apoio às atletas e as condições laborais enquanto as jogadoras representam os Estados Unidos: o grupo que agora leva o caso para os tribunais defende que lhe é exigido um número superior de jogos e vitórias do que aquele que é pedido à seleção masculina e que a recompensa monetária é significativamente inferior.

As comparações diretas entre os salários auferidos pelos jogadores e pelas jogadoras das seleções dos Estados Unidos podem, ainda assim, ser bastante complicadas. Cada equipa tem um acordo negociado com a federação e uma das principais diferenças entre o futebol masculino e feminino é exatamente a estrutura de pagamento: enquanto os homens recebem bónus superiores sempre que jogam pela seleção mas só são pagos quando são convocados, as mulheres recebem bónus de valor inferior mas têm salários garantidos.

Observador

Como se aplica a política antidoping e porque há poucos casos no futebol?

Rogério Jóia, da Autoridade Antidopagem de Portugal, garante um futebol limpo e revela como se processam os controlos e porque em 2017 só houve três casos.

Apenas três casos de doping no futebol português em 2017. Os números de 2018 ainda não são públicos, mas “são inferiores”, segundo garantiu Rogério Jóia, da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), ao DN. Será o futebol pouco controlado, um desporto limpo ou a política antidoping de Portugal está a funcionar? “O futebol é a modalidade mais controlada no país”, garantiu ao DN o líder da autoridade antidopagem, feliz por ter “um futebol limpo”.

Bons profissionais à frente dos clubes e uma maior consciencialização são alguns dos fatores a contribuir para o reduzido número de casos positivos: “Os departamentos médicos dos clubes, nomeadamente os profissionais, estão alicerçados em profissionais médicos altamente competentes e, em geral, com sensibilidade e motivação relevantes para a luta contra a dopagem, o que é louvável e o que permite um cuidado acrescido relativamente à não utilização de substâncias e métodos proibidos por parte dos jogadores e, consequentemente, um menor número de casos de doping.”

E não é por falta de colheitas. Em 2017 foram feitos 3487 controlos em Portugal com 54 positivos, apenas três deles no futebol. Um dos casos foi o de Douglas, ex-jogador do Sporting. “É com enorme mágoa que informo que, num controlo antidoping em finais de abril do ano passado, acusei positivo. Em consciência, não tomei nenhuma substância com o objetivo de melhorar o meu rendimento desportivo”, defendeu-se o jogador. O caso está agora no Tribunal Arbitral do Desporto.

Existem controlos em competição e fora de competição. Mas como se processam? Há em todos os jogos? Como se escolhem os jogadores? “Na I e II Ligas existem pelo menos dois jogos da I Liga controlados em todas as jornadas e um jogo da II Liga. Os jogos são sorteados através de um programa informático que permite um equilíbrio de controlo entre todos os clubes”, explicou o dirigente.

Para além disso, com base em análises de risco e informações trabalhadas pelo departamento de Intelligence da ADoP, podem mandar controlar mais jogos. Ou seja, muitas vezes são controlados vários por jornada. Segundo o presidente da antidopagem explicou ao DN, estas análises de risco são efetuadas com base em métodos policiais usados em todas as polícias do mundo: “Temos atualmente na ADoP uma sala de operações, onde estas análises de risco são efetuadas e onde apenas muito poucas pessoas podem entrar, em virtude da confidencialidade da informação.”

Para além disso, existem também controlos fora de competição e que abrangem todo o plantel de uma equipa de futebol: “Enquanto a UEFA e a FIFA em geral fazem controlos a cerca de dez ou 12 jogadores do plantel, a ADoP, comigo como presidente, faz a todo o plantel. Se forem 30 jogadores, serão 30 amostras e não só de urina mas também de sangue/passaporte biológico e muitas das vezes de EPO.”

Quanto aos campeonatos não profissionais, as visitas são de acordo com as análises de risco ou quando “o organismo tem conhecimento de que algo pode não estar bem”. De vez em quando até os juniores são submetidos a controlos “até por uma questão de prevenção e educação”.

Nesta semana, o assunto do doping ganhou importância depois de uma troca de palavras entre o FC Porto e o Benfica sobre controlos. Nada que altere a agenda da Autoridade Antidopagem de Portugal: “A ADoP não se deixa manipular ou ceder a pressões. Quem estabelece as regras somos nós, e não o chamado ruído clubístico.”

Colaboração com FIFA e UEFA

Os clubes e os jogadores têm de contar com as visitas dos vampiros, como são conhecidos os médicos das recolhas da UEFA e da FIFA. A antidopagem portuguesa é sempre informada quando estas entidades querem controlar clubes portugueses, até para não duplicarem ações. Por vezes, num curto espaço de tempo, controlam o mesmo clube ou os mesmos jogadores. Quando isso acontece é porque foi detetado algo de suspeito. “Acontece devido à interligação que existe entre nós e ao facto de por vezes termos alguma maior ou menor suspeita. Suspeita essa que é falada entre estas três entidades (ADoP, UEFA e FIFA). São obviamente conversas muito sensíveis e confidenciais sobre atletas, que ficam apenas no conhecimento de duas ou três pessoas destas entidades”, defendeu Rogério Jóia.

Em 1.º no passaporte biológico

Portugal faz mais recolhas do que todas as autoridades antidopagem internacionais, entre as quais a UEFA e a FIFA, segundo a Agência Mundial Antidopagem. Além disso, está ainda no primeiro lugar do mundo nos controlos do passaporte biológico no futebol. “Por isso, somos hoje no futebol e não só, altamente respeitados e solicitados em termos mundiais. Há dois anos, quando mandei inserir o passaporte biológico no futebol, existiram pessoas com responsabilidades no combate à dopagem que disseram não haver necessidade. Agora, no mundo inteiro, este é o caminho. Tinha razão e por isso estamos na vanguarda.”

E quando há uma análise positiva, qual é o procedimento? “O laboratório notifica a ADoP e esta a federação, que por sua vez notifica o clube e o atleta. Se o mesmo não quiser a análise da amostra B (chamada contra-análise), fica logo suspenso, se quiser é marcada a realização desta, e o atleta até ao resultado da amostra B pode continuar a competir. Se o resultado da amostra B continuar a ser positivo, é imediatamente suspenso”, explicou Jóia, lembrando que é preciso celeridade entre um resultado e o outro, para que não haja o perigo de o atleta competir dopado.

Seguidamente, existe um processo disciplinar por dopagem, em que o atleta pode defender-se e que culmina com a absolvição ou punição. Regra geral, com a punição. Os casos em que o jogador acaba inocentado são raros, mas existem – como Rui Jorge, em 2004.

O Laboratório de Lisboa perdeu a credenciação internacional em 2016 e ainda não a recuperou. No entanto, segundo o presidente da ADoP, não tem havido “qualquer dificuldade na implementação do Programa Nacional Antidopagem, ou seja, na realização de controlos, pelo facto de o laboratório português estar suspenso”.

Aliás, segundo Rogério Jóia, os melhores resultados da ADoP no ranking da Agência Mundial Antidopagem têm sido obtidos com o laboratório português suspenso: “Como português, obviamente que espero que o laboratório seja reaberto, mas o facto de estar fechado, não nos condiciona. O que é importante é a ADoP poder trabalhar com laboratórios certificados pela AMA (neste momento penso serem cerca de 27 no mundo inteiro), que permitam resultados fiáveis, eficazes, transparentes e rápidos.”

Hoje em dia as amostras são recolhidas e a urina vai para Ghent, na Bélgica, e o sangue para Barcelona, Espanha. Os resultados chegam no prazo de cerca de dez dias úteis (espaço estabelecido internacionalmente pela AMA), contrariamente ao que acontecia.

Os casos mais célebres

António Veloso

Falhou o Mundial 86 depois de acusar anabolizantes no sangue. Ainda hoje garante “por tudo o que há de mais sagrado” que nunca se dopou: “Aquelas análises não eram minhas de certeza. Quiseram que eu não fosse para ir outro. Éramos uns seis jogadores para o controlo. Eu era o sexto e a minha análise apareceu com o número quatro…”

Hernâni

Em 1988 rebentou a bomba na Luz: Hernâni acusou cocaína num controlo antidoping. O castigo foi três meses fora dos relvados. O jogador remeteu-se ao silêncio, mas ainda hoje há quem garanta que foi tramado e que o positivo era de um outro jogador do Benfica.

Fernando Couto

Nandrolona foi a substância que manchou a carreira de Couto. O central jogava no Parma quando, em 2001, foi apanhado num controlo antidoping. “Estou tranquilo porque, repito, nunca tomei nada de proibido”, disse Couto, que foi suspenso por dez meses e viu depois o castigo reduzido para cinco.

Abel Xavier

No início da época de 2005-2006 o lateral acusou positivo para o uso de esteroides anabolizantes (metandrostenolona). Algo que sempre negou. Condenado a um afastamento de 18 meses, a pena foi depois reduzida a 12 meses, retomando depois a carreira no Middlesbrough.

Quim e Kenedy

Em 2002, a seleção foi afetada por dois casos. Primeiro Quim (acusou nandrolona e foi suspenso por três meses), depois Kenedy no estágio do Mundial 2002. Acusou furosemida, substância presente em medicamentos diuréticos e foi suspenso por 18 meses.

Deco

O jogador testou positivo para as substâncias hidrocloratiazida (diurético) e carboxi-tamoxifeno (hormônio) em março de 2013, quando atuava pelo Fluminense. Clamou inocência mas foi suspenso por um ano. O caso precipitou o fim da carreira do mágico, que acabou absolvido pelo Tribunal Arbitral do Desporto.

Nuno Assis

O caso mais recente foi o de Nuno Assis, que em 2006, no Benfica, acusou norandrosterona e foi suspenso por meio ano. A situação chegou aos tribunais e deu muito que falar por alegadas falhas do processo. A PGR defendeu que o Conselho de Justiça da Federação violou a lei ao arquivar o processo.

Maradona

Em 1991, então no Nápoles, acusou cocaína, e três anos depois testou positivo para cinco substâncias (efedrina, norefedrina, pseudoefedrina, norpseudoefedrina e metaefedrina) no Mundial 2014. Jurou “pelas filhas” que não se dopou, mas o caso precipitou o fim da carreira.

Romário Em 2007, Romário também foi apanhado. O baixinho, como era conhecido, acabou absolvido depois de provar que usava a substância finasterida há mais de dez anos para combater a queda de cabelo e nunca tinha acusado nada em controlos anteriores.

DN

Futebol lidera casos de doping em Portugal

O futebol foi a modalidade que mais casos de doping registou em Portugal no ano passado, segundo os dados divulgados ontem pelo Conselho Nacional Antidopagem (CNAD).

Dos 44 positivos registados em 2007 – menos oito do que em 2006 – onze foram no futebol, num total de 318 acções de controlo em que resultaram 1130 amostras recolhidas. Os casos dizem respeito a atletas de equipas da III divisão (sete), três na Taça de Portugal e um em juniores.

Na divulgação dos resultados realizada ontem no Centro de Medicina Desportiva de Lisboa, o ciclismo (o segundo com mais controlos: 141 e 390 amostras), o boxe e o golfe surgem com cinco registos cada. Quatro dos cinco testes positivos no golfe acusaram canábis – substância considerada proibida mas que pode ajudar em desportos que requerem grande concentração – resultando num aumento da sua utilização, a par dos anabolizantes, comparando com 2006.

LAURENTINO ELOGIA
Na apreciação que fez dos resultados, o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, elogiou o trabalho do CNAD.

“Os números são bons e claros. Significam que o Laboratório [Nacional Antidopagem – LAD] cumpriu a sua missão em 2007, acentuando a sua presença onde era necessário”, comentou, realçando a importância da redução. “Estamos no bom caminho. Bom resultado seria chegar a um ano em que não haja casos positivos. Mas quando aumentamos o número de controlos e diminui o número de casos, isso quer dizer que os atletas já compreenderam o que é o desporto verdadeiro”, sublinhou Laurentino.
Já o presidente do LAD, Luís Horta, frisou que os casos podem aumentar, dado que dez amostras de sangue, relativas a corredores participantes na última Volta a Portugal em bicicleta, estão a ser analisadas no laboratório de Lausana, na Suíça.

NÚMEROS
44 – É o número de casos de doping verificados em Portugal em 2007. O futebol liderou com 11 casos e o ciclismo, golfe e boxe registaram cada cinco controlos positivos.

11 – O futebol foi a modalidade que registou maior número de casos. Em 318 acções de controlo, que resultaram na recolha 1130 amostras, das quais 11
positivas.

2 – Além dos 44 casos registado em Portugal, houve mais dois de desportistas portugueses (automobilismo e futebol) que foram detectados em competições internacionais.

142 – É o número de amostras tiradas para a detecção de Eritripoeitina (EPO). O ciclismo registou dez colheitas duplas: sangue e urina.

1 – Do total de casos, destaque para as modalidades menos conhecidas: pesca desportiva, bridge, xadrez e actividades subaquáticas.

Correio da Manhã

Há uma rede organizada de tráfico de jogadores de futebol em Portugal

A rede atua a partir de África e da América do Sul. A situação é qualificada por Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), como tráfico de seres humanos. A situação foi hoje debatida numa reunião entre o sindicato e o Serviço de Estrangeiros e fronteiras (SEF).

Ao todo foram identificados 105 jogadores nesta situação. A rede organizada está montada e tem ramificações em África e na América do Sul.

O presidente do SJPF fala de uma situação de tráfico humano e explica que tudo começa no país de origem com a promessa de um futuro de sonho no futebol. Chegados a Portugal, vários clubes recebem estes futebolistas de braços abertos.

Em alguns casos, a situação fica resolvida, mas o pior são os outros casos, daqueles que não conseguem provar em campo o seu talento e ficam abandonados à sua sorte.

Joaquim Evangelista atribui a culpa a alguns dirigentes. Sem querer referir clubes, garante que há, no entanto, vários emblemas de topo estão envolvidos nesta situação não só em Portugal mas também na Europa.

O caso recente mais mediático foi o do Barcelona, com o clube catalão impedido de inscrever jogadores até janeiro do próximo ano.

TSF

Liga diz ter “total disponibilidade” para combater “violência, xenofobia, racismo e intolerância”

O Parlamento aprovou no início do mês a proposta de lei que altera o regime jurídico do combate à violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos. Liga de clubes assume “total disponibilidade” para combater violência.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) assumiu esta segunda-feira “total disponibilidade” para abordar todos os temas relacionados com a nova lei do combate à violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos.

O assunto foi discutido em reunião entre o presidente da LPFP, Pedro Proença, a diretora executiva do organismo, Sónia Carneiro, e Rodrigo Cavaleiro, o presidente da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).

“A LPFP mostrou total disponibilidade para abordar todos os temas relacionados com a nova lei aprovada, em 5 julho, que altera o regime jurídico do combate à violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos”, referiu o organismo, numa nota no seu sítio oficial na Internet.

Ainda de acordo com a LPFP, os dois organismos irão trabalhar em conjunto os temas relacionados com o futebol, “ficando já marcada nova data para uma reunião operacional e técnica”.

Em 5 de julho, o parlamento aprovou a proposta de lei que altera o regime jurídico do combate à violência, racismo, xenofobia e intolerância nos espetáculos desportivos, com a abstenção de PCP e PEV e os votos favoráveis dos restantes partidos.

A Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto foi criada pelo Governo em agosto de 2018, e visa promover uma abordagem mais eficaz no combate aos fenómenos de violência associados aos espetáculos e às atividades desportivas.

A proposta apresentada pelo Executivo socialista, que entra em vigor antes do início da nova época desportiva, com o novo organismo para a prevenção e combate à violência no desporto, assenta em quatro pilares: celeridade processual e transparência, aplicabilidade da lei, prevenção e grupos organizados de adeptos.

Lusa

Imigração ilegal. Clube da II Liga apanhado em operação do SEF

Oeiras, 13/11/2014 – O edifiício sede do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foi hoje alvo de buscas, por parte da Polícia Judiciária, numa investigação relacionada com os Vistos Gold. (Carlos Manuel Martins/Global Imagens)

Inspetores estiveram em 20 clubes e associações desportivas e encontraram 47 jogadores de futebol em situação irregular. Sindicato dos futebolistas diz que é preciso denunciar exploração.

Um clube da II Liga de futebol está envolvido numa investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras relacionada com tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos. A instituição do segundo campeonato nacional de futebol mais importante teria no seu plantel atletas em situação irregular em Portugal, segundo as informações recolhidas pelo DN.

Esses jogadores fazem parte de um grupo de 47 futebolistas detetados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) sem visto ou autorização de residência no País nuns casos ou sem autorização para participar em competições oficiais em outros. Também a existência de contratos de trabalho e qual o tipo de vínculo estiveram em análise.

Sem divulgar os nomes das entidades fiscalizadas, o SEF adiantou que os seus inspetores estiveram em 20 clubes e associações desportivas tendo sido identificados 241 futebolistas, 135 deles estrangeiros. Destes, 32 foram notificados para deixar voluntariamente o país nos próximos 20 dias. Já os restantes 12 reúnem condições para regularizar a sua presença em Portugal.

Nesta investigação a situações de exploração da atividade de imigrantes associada a redes de tráfico humano foram detetados indícios de que três clubes/ associações desportivas estariam a praticar crimes de falsificação de documentos e auxílio à imigração ilegal, factos que foram comunicados ao Ministério Público. Segundo as informações prestadas ao DN “nenhum, dirigente foi, para já, constituído arguido”.

A grande maioria dos atletas nasceu em países da América do Sul e os clubes onde estavam pertencem aos distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Leiria e Guarda. Fonte do SEF garantiu ao DN que os futebolistas, todos maiores de idade, estavam inscritos nas respetivas associações a que pertencem os clubes e que participariam em desafios oficiais. No entanto, não foi possível confirmar em que divisões isso aconteceria pois, além da instituição da II Liga, estiveram envolvidos na ação do SEF clubes que participam no Campeonato de Portugal e nos Distritais, escalão onde se regista o maior número de infrações à lei.

No decorrer desta ação o SEF instaurou 12 procedimentos de contraordenação, com coimas que podem variar entre os 28 mil e os 140 mil euros, aos clubes e associações desportivas que tinham ao seu serviço atletas estrangeiros em situação ilegal.

Exploração de jovens candidatos a atletas

A presença em Portugal de jogadores com a sua situação legal por regularizar, muitos deles trazidos para território nacional por redes criminosas, é um tema referido com frequência pelo sindicato dos futebolistas, ao ponto de ainda nesta sexta-feira o seu presidente ter participado, na Figueira da Foz, num encontro sobre tráfico de seres humanos.

Neste II Encontro da Rede Regional do Centro de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico de Seres Humanos participaram, além do sindicato, inspetores do SEF, representantes do Instituto de Apoio à Criança, do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, Comissão Nacional da Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género, da câmara municipal e de entidades regionais ligadas ao apoio a vítimas de tráfico.

Uma oportunidade para Joaquim Evangelista falar sobre a situação que diz viver-se no futebol em Portugal e que não é colocada no espaço mediático: a exploração de jovens.

“Temos de denunciar estas redes organizadas que se aproveitam da vulnerabilidade dos jogadores e dos pais, por norma africanos e sul-americanos, para ganhar dinheiro. Não é um assunto muito mediático, mas há um grande aproveitamento das pessoas, principalmente ao nível dos escalões de formação”, adianta em declarações ao DN.

Explica que o sindicato assinou há quatro anos um protocolo com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional e a Federação Portuguesa de Futebol sobre o tema. “Estas redes organizadas têm como objetivo o negócio, mas por outro lado aproveitam o facto de os clubes serem vulneráveis pois precisam de dinheiros e os agentes dos jogadores pagam-lhes para os receberem”, explica.

O esquema é simples: “Os agentes colocam os atletas a treinar nos clubes [que são pagos por isso] e depois se têm talento são inscritos e podem ser transferidos para outro clube. Os que não têm talento são abandonados. No sindicato já tivemos casos em que pagámos a alimentação, o alojamento e o bilhete de regresso para o seu país.”

Reconhece, todavia, que o cerco se está a apertar a estes negócios: “A Federação Portuguesa de Futebol está a exigir aos clubes uma série de requisitos de forma a poder lidar com este fenómeno.” Ação que foi confirmada ao DN por fonte da FPF ao mesmo tempo que frisou que quando um clube quer inscrever um atleta estrangeiro o SEF é informado.

Os maiores problemas nesta área têm surgido nos escalões de formação, refere Joaquim Evangelista, principalmente quando os jovens não são escolhidos para prosseguir a carreira no futebol..

“Ficam sem se integrar e podem acabar por entrar no crime. Muitos deles chegam cá com visto de turista e depois quando termina esse prazo e não têm talento ficam por cá…”.

DN

SEF detém empresários de futebol sul-americanos por tráfico de seres humanos

Clube da Nazaré e o seu presidente são também arguidos. Aos atletas era prometida a legalização e a celebração de contratos profissionais.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve dois empresários de futebol sul-americanos indiciados por tráfico de seres humanos, constituindo também como arguidos um clube desportivo da Nazaré e o seu presidente, anunciou esta quinta-feira a força policial.

“O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve ontem [quarta-feira], na cidade de Leiria, dois cidadãos sul-americanos, agentes desportivos e responsáveis pela entrada e permanência ilegal de um número substancial de jovens futebolistas, em situação irregular. Os arguidos estão indiciados pela prática dos crimes de tráfico de seres humanos, auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos”, lê-se no comunicado divulgado pelo SEF.

A ação foi coordenada pelo Ministério Público e englobou buscas domiciliárias às residências dos suspeitos, a viaturas e a um clube desportivo da Nazaré, entidade que veio a ser constituída arguida, tal como o presidente da direção, indicou a entidade, revelando que, em resultado das buscas realizadas, foi apreendida documentação relacionada com o esquema de angariação de futebolistas, assim como material informático e de comunicações.

“Esta ação constituiu o desfecho de meses de investigações iniciadas pelo SEF em finais de 2018. Na altura, no final do ano passado, uma outra ação do SEF levou à identificação de cerca de duas dezenas de cidadãos estrangeiros em situação irregular, jovens futebolistas, que se encontravam alojados em áreas afetas à associação desportiva, agora constituída arguida, em condições indignas, vivendo com extremas dificuldades económicas. Comprovou-se que teriam vindo para território nacional, angariados através de um esquema que envolvia vários intervenientes, e no qual os cidadãos agora detidos desempenhavam um papel crucial”, revelou o SEF.

Segundo o serviço de segurança, “aos atletas, todos sul-americanos, era prometida a legalização em território nacional e a celebração de contratos profissionais como futebolistas, a troco de elevadas quantias monetárias, sendo que, em muitos casos, a vinda implicou o endividamento das respetivas famílias”, porém, “já em território nacional, os atletas eram canalizados para o clube em questão, mas sem que qualquer das promessas fosse cumprida”.

Depois de inicialmente alojados pelos empresários em apartamentos, os atletas acabaram por ser progressivamente abandonados por estes, tendo terminado alojados, sem quaisquer condições, nas instalações onde foram identificados pelo SEF, muitas vezes sem alimentação adequada e desprovidos de contrapartidas financeiras pela atividade desportiva desenvolvida.

“Alguns dos atletas acabaram, entretanto, por abandonar o país e outros, inclusive com o apoio do SEF e dentro do quadro legal vigente de proteção a vítimas de tráfico de seres humanos e de ações de auxílio à imigração ilegal, aguardam a regularização em território nacional”, informou o SEF, referindo que esta operação, denominada ‘Fair Play’, contou com a participação de 17 operacionais da força policial.

DN

Casos de racismo no futebol sucedem-se apesar do combate das instituições

Há racismo no futebol. Os casos sucedem-se e os adeptos são os principais culpados. Recorde os principais casos no Mundo e os 10 processos em Portugal.

Não há números exatos, mas a perceção, neste caso, não engana. São milhares de notícias para outros tantos casos, numa simples busca na internet. O assunto entrou na agenda mediática e houve incidentes vergonhosos que mexeram com leis, regras e regulamentos à escala mundial. A FIFA e a UEFA, há muito, têm em curso campanhas contra a discriminação racial, religiosa, de género e orientação sexual. Por cá, Federação e Liga mostram severidade nos regulamentos. Mas isso chega?

Richard Masters, diretor executivo da Premier League: “Já chega, são casos a mais de racismo. Estamos determinados a acabar com a discriminação”.

OJOGO